Há muitas profissões que são solitárias no seu exercício. A liderança é uma delas, ao passo que a maioria dos líderes sofrem com essa situação desconfortável.
Qualquer empresário ou profissional que já esteve num cargo relevante em alguma organização, certamente percebeu que na maioria das vezes está praticamente sozinho. Ele com os seus desafios. Poucos possuem interesse genuíno por suas angústias.
Pode até parecer um contrassenso, já que a princípio, a liderança torna as pessoas relevantes atraindo os demais, amplia relacionamentos, áreas de interesse, além de mecanismos de reciprocidade que poderiam melhorar e não ampliar seu isolamento.
Mas não me refiro a conhecer gente. A solidão está exatamente no sentido da falta de relações genuínas, de confiança e transparência duradouras e não naquelas efêmeras, em que os propósitos nem sempre estão claros. E quando estão, possuem fronteiras delimitadas às circunstâncias dos resultados esperados. Ou seja, há interesses declarados ou subliminares.
Assim, as próprias decisões que a posição requer e o jogo de poder inerente à liderança tendem a criar esse sentimento de solidão, freando as relações com as pessoas, sejam elas colegas de trabalho, no ambiente pessoal e naturalmente na própria família. O desconforto leva ao isolamento.
Mas isso pode ser mudado. O primeiro ponto é exatamente reconhecer essa realidade e não vinculá-lo diretamente ao seu perfil pessoal. Isso tira a pressão sobre si. Acontece com qualquer líder já que basta uma olhadinha na estrutura hierárquica de uma organização e quanto mais sobe, menos gente encontramos.
Não há muitos com quem conversar e trocar ideias de modo genuíno. Adicionalmente, algumas decisões podem ser impopulares para a equipe, mas devem ser tomadas pelo líder assim mesmo, e competem apenas a ele. Isso colabora com esse sentimento de distância para com os demais.
Por isso, um fator decisivo para reduzir esse sentimento é o de estabelecer limites entre dois pontos da agenda: de um lado os desafios competitivos, suas metas, os objetivos de médio e longo prazo que ‘pré ocupam’ o líder, bem como a detenção de informações privilegiadas ou confidenciais que podem estressar, e de outro, o ambiente externo, os amigos, a família, o lazer e as atividades capazes de capilarizar e renovar energias. O sucesso está no equilíbrio.
O segundo diz respeito ao autoconhecimento, suas práticas e seus mecanismos de autodefesa. Nesse sentido, reconhecer suas fraquezas já é um bom começo, o que em síntese deverá auxiliar também no exercício da liderança em si, criando vínculos mais genuínos com as pessoas.
“reconhecer suas fraquezas já é um bom começo, o que em síntese deverá auxiliar também no exercício da liderança em si, criando vínculos mais genuínos com as pessoas.”
Eleri Hamer
Nesse ponto há dois aspectos que atrapalham muito e contribuem para o isolamento e o sentimento de solidão: a prepotência e autossuficiência. Ambas são perniciosas e muitas vezes sequer são percebidas pelo líder. Devemos manter a vigilância sobre nossos sentimentos e atitudes para que não contribuam para a imagem de isolado.
Tornar as relações mais fluídas, mais empáticas e evitando a desconfiança da proximidade dos demais tende a trazer benefícios para ambos, principalmente na troca de informações acerca do ambiente em que a liderança é exercida.
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