- "(...) o protagonismo requer curiosidade intelectual, disposição para aprender e adaptabilidade para lidar com as mudanças cada vez mais intensas e constantes."
Sempre que o assunto protagonismo, independência, tenacidade ou resiliência vem à tona lembro de minha mãe. Não apenas pelo fato de que ela demonstrou isso na prática ao longo de sua vida, mas pela frase em alemão que eu a ouvi proferir algumas dezenas de vezes desde a infância.
A cada vez que alguém da família se deixava levar por alguma circunstância, algum hábito nefasto surgia no horizonte ou apresentávamos algum pequeno momento de leniência ela nos instigava a mudar nossa atitude com um sonoro “Wir müssen herr über uns sein”, como justificativa final e definitiva, o que numa tradução livre significa “Precisamos ser senhores de nós mesmos”.
Isso me faz pensar também que protagonismo é um termo atemporal e pessoal, até porque lá na roça onde ela nasceu e eu me criei ninguém deveria saber explicar esse conceito, que na essência significa ter o controle da sua vida, tendo consciência do seu poder de decisão. Sempre foi fundamental para definir o sucesso das pessoas, como uma espécie de irmão do livre-arbítrio.
Ninguém nasce protagonista, pois isso é algo que se desenvolve a partir dos nossos princípios e propósitos pessoais e profissionais. É um caminho que requer apoio, autodescoberta, autoconfiança e autoafirmação. Como uma jornada, exige coragem para enfrentar os desafios, que normalmente ainda começam na infância, resiliência para superar as adversidades e determinação para não desistir diante das dificuldades. Por isso, não é para todos.
Não há dúvidas de que os bons profissionais são protagonistas e desse modo alcançam o sucesso em suas empreitadas. Mas, ser protagonista tem sido cada vez mais difícil em função do sem-número de estímulos que recebemos diária e ininterruptamente. É uma verdadeira guerra entre você e seus objetivos de um lado e todos os demais estímulos tentando tirá-lo da direção e competindo pela nossa atenção e pelo nosso tempo.
As redes sociais, por exemplo, desempenham um papel ambíguo nesse contexto. Por um lado, elas podem ser uma ferramenta poderosa para a disseminação de ideias, a criação de redes de apoio e o acesso a informações e conhecimentos relevantes em direção ao nosso propósito. Por outro lado, elas também podem nos aprisionar em bolhas de opiniões e nos expor a uma infinidade de distrações e superficialidades, aumentando a procrastinação.
Os algoritmos das redes sociais, que tendem a nos oferecer conteúdo já alinhados com nossos desejos e crenças, podem nos envolver em uma narrativa limitada e previsível, reforçando nossos vieses, naquilo que já acreditamos e muitas vezes sabemos. Mantendo-nos no raso e nos impedindo de enxergar perspectivas diferentes.
Isso certamente reduz nossa capacidade de sermos protagonistas e nos torna de certo modo prisioneiros de nossas próprias ideias e opiniões, nos afastando justamente do que nos faz capazes de atuar de modo diferenciado: nossa capacidade de experienciar vieses diversos.
Mas isso apenas tem sentido, se tivermos clareza sobre nossos objetivos e interesses. E quanto mais seguros estivermos deles, menos influenciáveis seremos. Como na fábula da Alice no País das Maravilhas: se você não sabe para onde quer ir qualquer caminho está bom.
Por isso, cultivar a capacidade de questionar e desafiar nossas próprias ideias, abrir espaço para o desconhecido e estar disposto a explorar novos caminhos é fundamental. Não tenho dúvidas de que o protagonismo requer curiosidade intelectual, disposição para aprender e adaptabilidade para lidar com as mudanças cada vez mais intensas e constantes. Aliás, curiosidade tem se tornado o grande ativo do profissional de sucesso.
“o protagonismo requer curiosidade intelectual, disposição para aprender e adaptabilidade para lidar com as mudanças cada vez mais intensas e constantes. “
Claro que o protagonismo não deve ser encarado como uma jornada solitária. É através das relações e da colaboração com outras pessoas e o mundo que balizamos nosso conhecimento e nossas crenças. Devemos sim aproveitar o acesso a vasta quantidade de informações e recursos, disponíveis em diferentes formatos e plataformas. Mas é exatamente nesse aspecto que reside o grande diferencial: ele deve ser um processo ativo e dirigido e não ocasional e induzido.
Ou seja, ao sermos protagonistas realizamos nossos sonhos alinhados com nossos valores e propósitos. Ao trilhar esse caminho nos tornamos senhores de nossas vidas e temos o poder de moldar nosso próprio destino.
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