Temos percebido frequentemente gestores e empresários reclamarem sobre as questões comportamentais de seus colaboradores. Mas isso não é novidade, claro. Todos sabem. A ponto de as chamadas soft skills, ou habilidades comportamentais, estarem em alta em qualquer setor, valorizadas a peso de ouro. Justamente por isso são relevantes para que qualquer profissional não faça cara de desdém com as observações e se preocupe com elas, dando a devida atenção ao seu autoconhecimento.
Dentre as características desejadas e muitas vezes não encontradas pelos gestores que estão lá no dia-dia estão a falta de tenacidade, resiliência, intensidade, consistência e espírito de luta. Poderiam gerar melhores resultados se não apresentassem dificuldades para enfrentar desafios com afinco, feedbacks genuínos ou mesmo negativas. Muito mimimi para pouca entrega, nos relatam alguns diretores.
Independente das especificidades ou da legitimidade dos reclamantes, não podemos deixar de dar atenção. E olhando mais de perto percebe-se que alguns pontos específicos dessas habilidades devem nos preocupar, chegando ao ponto de boa parte dos profissionais serem preteridos ou mesmo demitidos. É uma provocação interessante.
Talvez devêssemos começar em relação a como estamos formando esses profissionais para enfrentar o mercado de trabalho e a vida em si, para aguentar a pressão e não deixarem se abalar com facilidade. Eventualmente, começando lá atrás, inclusive pela forma como criamos nossos filhos e as habilidades comportamentais que lhes emprestamos desenvolvimento.
A relevância da saúde mental está fartamente documentada, mas não basta tratar a questão apenas na ponta de saída, ou seja, no mercado, nas organizações, com o jogo em andamento. Ansiedade e depressão são os males mais evidentes desse cenário.
Pesquisas apontam que US$ 1 trilhão é o prejuízo para o PIB mundial relacionado a problemas de saúde mental, somado ao fato de que se estima que para cada US$ 1 investido em prevenção e tratamento de transtornos mentais, o retorno é de US$ 4.
Vale lembrar que felizmente estamos num momento em que a humanização, a empatia, o cuidado com a carreira e principalmente a segurança psicológica tem sido as palavras de ordem na visão da gestão das melhores organizações para se trabalhar.
É importante dizer também que devem ser francamente aplaudidas e inclusive nos nossos processos de hunting temos nos dedicado com afinco nessa humanização. Acrescento que isso é reconhecidamente relevante e deve ser uma luta diuturna para todos aqueles que trabalham com gente. Ou seja, todos os gestores.
Justamente pelo fato de sabermos que a felicidade é fator crucial de aumento de produtividade. Pessoas felizes e engajadas produzem mais e isso acrescenta um ponto relevante no perfil desejado de qualquer líder, para que junto com seus liderados encontrem e desenvolvam uma cultura colaborativa e de engajamento.
Mas não podemos esquecer que o mundo lá fora não é assim bacana como se possa imaginar ou desejar. Que o mercado em si, na concorrência entre os profissionais e na maioria das organizações, ou como alguns gestores anunciam, “na prática o jogo não é assim tão simples”. O Juiz mercado não tem sido tão benevolente conosco e tampouco com os profissionais.
“na prática o jogo não é assim tão simples”
Por isso, creio que o nosso grande desafio como pais, mentores e demais desenvolvedores de pessoas, e inclusive conosco mesmo, é não se deixar iludir pela aparente simpatia do mercado. Devemos com urgência, focar no desenvolvimento de características antifrágeis se quisermos reduzir o impacto da pressão.
Como o próprio Nassim Nicholas Taleb, criador do termo Antifrágil, afirma: essa lógica é o inverso do frágil, que quebra ou se rompe quando colocado sob pressão. Mas não no sentido de força ou resistência inabalável como se imagina e sim como alguém capaz de encarar os fatos adversos de frente, se aperfeiçoando diante deles. Creio que muitas dificuldades pessoais e organizacionais seriam evitadas e adicionalmente muitas capacidades latentes desses profissionais seriam mais bem aproveitadas se o preparo emocional para enfrenta-las fossem melhor trabalhadas.
Não se esqueça de curtir e acompanhar as nossas Mídias Sociais: