Gestão

CAMINHOS PARA CONTER O APAGÃO DE MÃO DE OBRA

Podemos aumentar a produtividade das organizações de várias maneiras, mas ainda é a qualificação dos recursos humanos nas suas mais diferentes funções que contribui decisivamente e é capaz de promover os principais incrementos nos resultados.

Ocorre que estamos vivendo um grande dilema nesse sentido. Se de um lado temos alguns milhões de desempregados, de outro é grande a grita inconteste de empresários e gestores de que faltam recursos humanos qualificados para as ocupações disponíveis.

Creio que o primeiro passo importante, como sociedade, é reconhecer que estamos num momento de apagão de mão de obra em vários setores, nas mais diferentes posições. Temos tido essa experiência indigesta diariamente na busca pelos profissionais no mercado, bem como na discussão sobre as estratégias com os empresários, nossos clientes.

Ademais, temos percebido vagas com remunerações atraentes, simplesmente ficarem disponíveis, abertas às candidaturas ou ainda esgotar as possibilidades de hunting, sem encontrar os profissionais que possuam aderência suficiente às necessidades requeridas.

Isso nos leva a algumas reflexões importantes, de um lado sob o viés dos profissionais disponíveis no mercado ou mesmo os ocupados em alguma organização, e de outro sob o ponto de vista das empresas e suas estratégias em relação aos recursos humanos de que necessitam.

Sob o ponto de vista dos profissionais, na tentativa de melhorar a sua empregabilidade independente se você está empregado ou não, está na hora de (i) observar os movimentos do mercado na sua área, ficar atento às demandas de qualificação que estão em alta e nesse sentido fazer os ajustes necessários rapidamente, não esperando que o mercado em si pressione você através de uma demissão, por exemplo.

Além disso (ii) trocar de profissão, área ou foco, não deve ser descartado dos seus planos (é um momento a ser considerado dado o aquecimento em algumas áreas e setores) se você perceber que está infeliz ou se onde você atua está se tornando uma atividade marginal e por isso, de demanda decrescente. Mas você precisa agir rapidamente, já que essas janelas não ficam escancaradas por muito tempo.

E por fim, (iii) você pode ser um excelente player agora, mas isso não te garante uma posição confortável amanhã e aí está uma grande falha de muitos profissionais: deitar-se em berço esplêndido e não continuar a se qualificar independente do sucesso do presente. Mais do que isso deixam exclusivamente sob a responsabilidade das empresas as suas trilhas de aprendizagem quando na verdade deveriam tomar as rédeas de sua formação.

Do lado das empresas, está cada vez mais evidente que o mercado por si só não está se mostrando capaz de fornecer os profissionais de que elas necessitam, principalmente em função da velocidade com que as mudanças e as novas demandas chegam para elas.

Adicionalmente, os ajustes de cultura e clima são cada vez mais impactantes na harmonia necessária entre empresa e colaboradores contribuindo diretamente na externalização de conhecimento, efetividade e produtividade dos profissionais. Quando isso não ocorre, todos perdem.

Dessa forma, deve ser levado seriamente em consideração de que boa parte dos profissionais não estão mais disponíveis no mercado como se estivessem numa prateleira e por isso, os bons profissionais são disputados entre elas, o que também acaba subindo a régua do custo.

Por resumo, se as mudanças nas demandas são rápidas, os alinhamentos culturais são importantes para a produtividade dos profissionais nas empresas e ainda há poucos bons profissionais disponíveis, elevando os custos desse recurso como um todo, talvez esteja na hora das empresas pensarem seria e definitivamente em criar programas de formação contínua para suprir suas próprias demandas.

Assim percebe-se a necessidade de sermos decididamente empresas high teach (não apenas high tech) momento em que as organizações definem como prioridade programas de formação e aprendizagem de curto, médio e longo prazos, de acordo com as suas necessidades atuais, as mudanças em curso e as necessidades futuras assim que elas forem identificadas. Manter programas estruturados pensando nos recursos humanos para o futuro tornou-se estratégico de uma vez por todas. Buscar ali no mercado já é uma opção cada vez mais complexa e difícil.

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